A expressão verbal, escrita e criativa na língua materna

O projeto Se queres saber o que é o Paluí…põe o teu dedo aqui! Viagem por histórias sonoras que a língua portuguesa conta teve como berço a obra musical de Helena Caspurro editada em CD com o mesmo nome, em 2013, um álbum comemorativo dos 40 anos da Universidade de Aveiro, e visou o desenvolvimento da língua portuguesa e da expressão criativa através da música. Envolveu cerca de seiscentas crianças do Pré-Escolar, 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, bem como os respetivos professores, num trabalho que ao longo do ano lectivo de 2014/15 foi realizado sob orientação da equipa do Centro de Recursos Educativos Municipal (CREM).

 

A expressão visual e plástica: na escola e na universidade

O projeto teve dois outros propósitos amplamente conseguidos. Um foi o de estimular os professores na procura e implementação de estratégias e recursos didáticos que viabilizassem fomentar, através da música e das artes, nomeadamente o vídeo, a concretização do primeiro propósito: o desenvolvimento da expressão verbal, escrita e criativa dos alunos. O outro, reportou-se à expansão de processos expressivos e imaginativos das crianças no âmbito das artes visuais e plásticas, intenção que se alargou aos alunos de design da Universidade de Aveiro. Dos trabalhos realizados neste domínio, germinaram artefactos que se destinaram à conceção e contemplação de contextos cénicos, audiovisuais e gráficos, tendo em vista, respetivamente, um espetáculo performativo (que se realizou a 31 de maio de 2015 no Cineteatro António Lamoso com a banda de Helena Caspurro), e a ilustração do livro entretanto publicado – figurinos, filmes/vídeos, personagens, desenhos, instrumentos musicais…

Porquê tudo isto?

Ligar a música a uma das áreas tão fulcrais e prementes do currículo e ensino, como a Língua Portuguesa, optimizando aquele que se crê constituir o seu decisivo potencial – ser ‘matéria’ simultaneamente percetível e invisível, mãe e colo de imaginários – foi sem dúvida o motor do projeto. Paluí, o CD entretanto editado, terá dado o mote. Porque era incontornável a presença da infância em quase tudo o que o compunha – os textos das canções, também da lavra da autora, os vídeos que dele fazem parte, as ilustrações do livro que acompanha o objecto CD.

Era incontornável, por conseguinte, não deixar de olhar para aquela obra sem vislumbrar o que pareciam ser, à nascença, as suas indisfarçáveis virtudes. O que encerrava enquanto pertinente potencial exploratório e educativo para a promoção, em contexto multi e interdisciplinar, quer da cultura auditiva e musical esteticamente cuidada e selecionada em sala de aula, como da expressão e imaginação literária, visual e plástica das crianças.

Àquele pressuposto, de mãos dadas com ele, aliás, juntou-se a ideia de conectar a Escola com o palco da vida artística real, nas suas múltiplas expressões e materializações. Porque se crê que a aprendizagem é, para além das infindáveis constelações de natureza psicológica, espiritual, biológica, física, material, virtual, digital, pessoal, social…, a consumação de gestações de imaginários próprios e únicos, processo que parece frutificar-se no contacto pleno com a ‘obra’ e seus autores – a outra escola. Porque se crê, enfim, que imaginar, construir, fazer obra, experienciando os processos que a fundam, a contemplação estética, parecem ser argumentos inseparáveis da educação para a vida, conhecimento e realização humana. Pôr o dedo aqui não é mais, pois, do que ‘tocar’ no âmago da vida – tudo que a move, gera, estende e transforma. Em expressão. Em discurso. Em saber. Em arte. Em ser.

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A sala e o palco. O aprendiz e o autor. O caderno e a obra   

A ideia de que os objetos e textos de Paluí resultassem, no plano da construção de narrativas e significados, do enlaçamento e envolvimento não apenas de diferentes planos de perceção, interpretação, imaginação e síntese expressiva – ouvir, ver, ler, escrever, desenhar, animar, sentir –, como de distintos públicos, universos etários e escolares, moldou o rumo do fim em vista.

É pois neste sentido que a experiência interpretativa e expressiva é levada também às salas de aula da Universidade de Aveiro, concretamente aos cerca de cinquenta alunos do 2º ano da licenciatura em Design do DeCA durante o ano letivo de 2013-14, sob a orientação de Pedro Carvalho de Almeida, donde brotaram algumas das ilustrações que, coexistindo com as mais pueris, vindas das escolas, compõem este livro. É neste sentido, também – a senda pela diversidade de lugares, gerações, perspetivas, expressões e polissemias – que o escritor Nuno Higino é convidado a ‘tocar’ no quimérico Paluí com o seu dedo de poeta. É dele a história ‘Paluí está aqui?’, que desfecha esta obra.

São autores do projeto Helena Caspurro e Pedro Carvalho de Almeida, ambos docentes do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da Universidade de Aveiro e investigadores, respetivamente, do INET, CESEM e ID+.

 

A sabedoria da equipa do CREM e dos professores

Tudo foi possível graças ao trabalho absolutamente arguto e dedicado de todos os que constituem a equipa do CREM: Vânia Nobre, Alexandra Pinho, Lília Couto, Sara Freitas, Margarida Carneiro, André Almeida, Ricardo Almeida. Ele é insubstituível na consumação de tudo o que foi, é e será Paluí. Como, não podia deixar de ser, o dos professores e educadores de todas as crianças que aqui deixam a sua obra: Adelaide Melo, Alexandrina Santos, Ana Feiteira, Ana Paula de Almeida, Emília Nunes, Isabel Ribeiro, Laurinda Reis, Maria Amélia Santiago, Maria do Carmo Tavares, Maria José Coelho, Maria de Lurdes Alves, Maria Rosário Miranda, Olga Reis, Patrícia Nogueira, Paula Cristina Carvalho, Paula Silva, Raquel Fontes Tavares, Rosa Maria e Teresa Margarida Tavares.

A eles e por causa deles se deve este Paluí, que mais não é do que o continuar de uma utopia germinada no som da voz e da palavra.

As crianças autoras: seus professores e escolas

Escolas (EB), Jardins de Infância (JI), Professores, Educadores e alunos:

 

EB Aldeia, Sanfins

Professora:  Ana Paula de Almeida

Alunos do 2º ano de 2014/2015

 

EB Aldriz, Argoncilhe

Professora: Patrícia Nogueira

Alunos do 2º ano de 2014/2015

 

EB Chão do Rio, Fiães

Professora: Isabel Ribeiro

Alunos do 4º ano de 2014/2015

 

EB Santo António, Escapães

Professora: Laurinda Reis

Alunos do 3º e 4º anos de 2014/2015

 

EB Sobral, Mozelos

Professora: Adelaide Melo

Alunos do 2º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 António Alves de Amorim

Professora: Maria de Lurdes Alves

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 de Argoncilhe

Professora Ana Feiteira

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 Arrifana

Professora: Maria José Coelho

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 Canedo

Professora Raquel Fontes Tavares

Alunos do 4º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 Corga de Lobão

Professora Paula Cristina Carvalho

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

EB 2/3 Fernando Pessoa

Professora Maria do Carmo Tavares

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

EB  2/3 Paços de Brandão

Professora Emília Nunes

Alunos do 5º ano de 2014/2015

 

Centro Escolar de Louredo

Educadora Teresa Margarida Tavares

Alunos 2014/2015

 

JI Arcozelos, Caldas de São Jorge

Educadora: Maria Amélia Santiago

Alunos 2014/2015

 

JI Cruz, Santa Maria da Feira

Educadora Rosa Maria

Alunos 2014/2015

 

JI Farinheiro, Fornos

Educadora Paula Silva

Alunos 2014/2015

 

JI Portela, Paços de Brandão

Educadoras: Olga Reis e Alexandrina Santos

Alunos 2014/2015

 

JI Vilares, Canedo

Educadora: Maria Rosário Miranda

Alunos 2014/2015

 

A Equipa do CREM

Vânia Nobre, Alexandra Pinho, Lília Couto, Sara Freitas, Margarida Carneiro, André Almeida, Ricardo Almeida

 

DeCA-UA

Professor: Pedro Carvalho de Almeida

Alunos do 2º ano da Licenciatura em Design 2013/14